Hassan apontou três golos esta temporada, nomeadamente frente ao Sporting CP e FC Paços de Ferreira (Taça da Liga), e ao V. Guimarães (Liga Zon Sagres), e tem vindo a evoluir no plantel profissional.
Na segunda parte da entrevista, o jovem avançado falou sobre o fato de cumprir as tradições muçulmanas, sublinhou o bom trabalho levado a cabo pela equipa técnica do Rio Ave FC e indicou os objetivos que traça para o futuro, quer no clube quer na Seleção do Egipto.
RAFC: O que sentiste quando foste treinar a primeira vez com a equipa principal?
Hassan: Foi extraordinário. Quando o meu treinador me chamou e disse que ia treinar com a equipa principal fiquei super feliz. Foi um momento fantástico apenas superado pelo fato de, depois do treino, Carlos Brito me ter dito que daí para a frente apenas jogava pelos juniores porque ficava a treinar em definitivo na primeira equipa. Finalmente tinha chegado a minha oportunidade, aquela pela qual tinha trabalhado tanto.
RAFC: A época 2012/2013 tem correspondido às tuas expetativas?
Hassan: Claro que este ano está a ser aquilo que eu quero. Sei que tenho de trabalhar muito para marcar mais golos.
RAFC: Qual a impressão que te causou o treinador Nuno Espirito Santo? Como tem sido trabalhar com um treinador jovem?
Hassan: O Nuno Espírito Santo é um treinador com uma maneira de trabalhar diferente dos outros treinadores que conheci. Os métodos que apresenta, em conjunto com a restante equipa técnica, são modernos, inovadores. Temos conseguido excelentes resultados, como o caso de estarmos no quinto lugar e na meia-final da Taça da Liga, e isso diz bem da sua qualidade enquanto treinador. Os jogadores gostam imenso desta equipa técnica e vivemos num ambiente de ambição e vontade de vencer.
RAFC: No jogo com o Sporting CP marcaste o teu primeiro golo. Foi difícil adormecer nessa noite?
Hassan: (risos) Sim, foi um pouco difícil adormecer. A notícia chegou rápido ao Egipto e a minha família quis falar comigo. Foi um momento extraordinário para mim, por ter marcado o meu primeiro golo e logo diante do Sporting que é uma equipa de referência em Portugal e porque tive a oportunidade de partilhar esse momento com a minha mãe que, na ocasião, se encontrava em Portugal.
RAFC: Marcaste novamente no jogo com o V. Guimarães, neste caso para o campeonato. Tens alguma meta a nível de golos?
Hassan: Marcar é sempre importante para um avançado mas fiquei triste por perdermos o jogo, não teve o mesmo valor. Não tenho um objetivo concreto de golos a marcar esta época mas é claro que espero apontar mais.
RAFC: A saída do João Tomás pode trazer-te mais espaço para a titularidade?
Hassan: O João Tomás é um jogador fantástico e um dos melhores jogadores que eu já vi a jogar na sua posição. Eu tinha com ele uma boa relação e é claro que a sua saída abre mais oportunidades para os jogadores que ficaram e para mim em particular. Antes de sair deu-me muita força mas a verdade é que o lugar dele pertence-lhe porque ele é um goleador extraordinário. A mim cabe-me melhorar e aproveitar todas as oportunidades.
RAFC: Ao nível da selecção do Egipto, estiveste presente em todas as selecções jovens até ao momento? Quais são os próximos objectivos ao nível da selecção do teu país?
Hassan: Joguei em todas as seleções jovens do Egito mas com a minha vinda para o Rio Ave passei a fazer parte das opções para a equipa A. Acontece que a esse nível há outro tipo de problemas que têm a ver com a quantidade de jogadores, com os problemas do país e com a própria gestão do futebol pelo que me resta esperar que surja uma oportunidade para me afirmar também ao nível de seleção.
RAFC: Agora falando sobre assuntos pessoais, como correu a tua adaptação a um país com costumes diferentes dos do teu país natal? Do que sentes mais saudades?
Hassan: Não sei como dizer. Eu gosto de Portugal. Senti algumas dificuldades quando aqui cheguei, principalmente por causa do idioma e porque as pessoas, às vezes, falam demasiado rápido e fico sem saber o que estão a dizer. Gosto de Vila do Conde e do Rio Ave mas tenho o sonho de chegar a um clube maior no futuro.
RAFC: Estás a ter aulas de português…
Hassan: Tenho uma professora de português que me ensina a partir da língua inglesa. Não é fácil mas acho que me estou a sair bem. Estudo em conjunto com o Tope, o Oblak e o Ian Cathro, somos bons alunos (risos).
RAFC: Quando vieste para Portugal qual foi a reacção da tua família?
Hassan: O meu pai sabia de tudo e não se importou. Ele gosta que eu jogue futebol e é claro que ficou satisfeito. Com a minha mãe foi mais difícil. Chorou porque o filho ia sair de casa, para o estrangeiro, e ia ficar muito tempo sem me ver. Mas acabou por aceitar. O meu irmão também joga futebol e para ele a minha partida foi o concretizar do seu sonho e o reforço da vontade de, também ele, triunfar. Mas tenho a certeza que ficaram, e estão, todos felizes.
RAFC: Como tens feito para matar saudades da tua família?
Hassan: A vida tem destas coisas. As pessoas mudam de sítio, viajam, procuram o melhor para si e para as suas carreiras e eu acho que esta experiência em Portugal e no Rio Ave é boa para mim e vai ser muito positiva. As novas tecnologias permitem encurtar distâncias, tem sido essa a minha opção.
RAFC: Segues as tradições muçulmanas?
Hassan: Claro que continuo a seguir as tradições muçulmanas e o curioso é que as pessoas procuram saber um pouco mais e perguntam-me o que estou a fazer. Isso é interessante porque muitas das vezes as pessoas só conhecem das tradições muçulmanas aquilo que vêm na televisão. Não é por estar em Portugal que deixo de acreditar na minha religião ou que perco a minha fé. Isso é muito importante para mim.
RAFC: Tens muitos fãs no teu país…
Hassan: (risos)Talvez tenha muitos fãs no Egito porque não é muito habitual haver jogadores do meu país a praticar futebol no estrangeiro a este nível. Pode ser que me vejam como uma estrela mas apenas por isso. Não me sinto uma estrela nem tenho estatuto para tanto. Pelo menos por agora. No futuro quem sabe… No Egito sou bastante conhecido junto da minha família, dos meus amigos e dos adeptos do clube onde joguei (risos). Vamos aguardar pelo futuro.
RAFC: Como és fora do mundo do futebol?
Hassan: Fora do futebol tento ser uma boa pessoa, que não quer cometer muitos erros e que tenta proceder de acordo com aquilo em que acredita, com a sua religião. Sei que estou no meio do futebol e que as tentações são muitas mas como acredito naquilo que quero ser na minha vida e no futebol sei que há coisas que devo evitar para alcançar os meus objetivos.
RAFC: Que mensagem queres deixar aos adeptos do Rio Ave FC?
Hassan: Podem acreditar que quero marcar mais golos e continuar a fazer o que estou a fazer para crescer como jogador e ajudar o Rio Ave FC a alcançar os seus objetivos.
Embarque Rumo À Vitória!