Jogador Em Foco: Marcelo (Parte 1)

Marcelo chegou ao Rio Ave Futebol Clube no início da época 2011/2012, mas somente esta temporada conquistou o seu espaço no conjunto verde e branco. 

O defesa rioavista, em entrevista ao site oficial, conversou sobre pormenores da vida privada e ,na primeira pessoa, falou do passado, presente e futuro. 

Nesta primeira parte da conversa, Marcelo contou como começou no futebol, revelou os pormenores da vinda para Portugal e explicou como chegou à titularidade no Rio Ave FC.

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RAFC: Por que escolheste futebol?
Marcelo: A ligação vem de há muito tempo, desde de muito pequenino. Na realidade iniciei o futebol numa escolinha de formação. Começou tudo através de um amigo do meu pai que formou um clube e convidou-me para jogar.

RAFC: Certamente uma experiência curiosa…
Marcelo: Sim, na minha região havia um campeonato entre vários clubes e esse amigo do meu pai fez uma equipa nova para competir nessa prova. Chamou-me logo no início e comecei a ganhar o gosto pelo futebol.

RAFC: Com que idade iniciaste o futebol?
Marcelo: Naquela altura devia de ter uns 6 ou 7 anos.

RAFC: Central foi sempre a tua escolha?
Marcelo: Eu sempre gostei mais de defender do que propriamente marcar golos e por isso desde pequeno joguei sempre na defesa.

RAFC: Qual foi o teu percurso no futebol?
Marcelo: Comecei nessa escolinha que referi, fui entretanto para Curitiba, de onde saí para a Londrina. Cumpri boa parte da minha formação nos juniores do Vasco da Gama. De seguida, tive a oportunidade de ir para o Ribeirão e aí fui observado pelo Rio Ave FC. Felizmente consegui assinar contrato profissional. O ano passado fui cedido ao Leixões e agora voltei novamente ao Rio Ave FC.

RAFC: Anteriormente foi referido que a tua formação foi feita no Vasco da Gama, um dos maiores clubes do Brasil. Foi uma experiência diferente das outras ou nessa idade não se notava a diferença?
Marcelo: Os clubes grandes no Brasil desde a formação são sempre muito bem falados. O Vasco da Gama sempre foi uma grande equipa no país e eu nunca tinha jogado numa equipa dessa dimensão. Quando fui para lá era tudo diferente e depois obviamente comecei a ser adepto do Vasco da Gama e ainda hoje gosto do clube, acompanho os jogos sempre que posso, pois ainda tenho alguns amigos a jogar lá.

RAFC: Como é que surge esta vinda para Portugal, esta oportunidade de jogar num campeonato diferente?
Marcelo: Uns conhecidos que me ajudaram em Curitiba tinham ligação ao presidente do Ribeirão e numa ida ao Brasil o presidente pediu para eu vir para cá. Eu vim para Portugal mas cheguei aqui num período que era muito curto para assinar um contracto pois coincidiu logo com o final da janela de transferências. Eu tive que voltar para o Brasil, ainda joguei lá e depois regressei ao Ribeirão.

RAFC: E como é que foi essa adaptação? Na língua não tens dificuldade, mas quais foram as grandes diferenças?
Marcelo: A língua ainda tem alguma diferença numa palavra ou outra (risos). Mas a adaptação ao país foi tranquila. No Brasil há muita movimentação, aqui em Portugal, mais precisamente em Vila do Conde, é mais tranquilo. Ao nível do futebol, no Brasil é um futebol mais parado, aqui em Portugal a relva é mais molhada, mais curta…

RAFC: E acaba por ser mais complicado para um defesa brasileiro adaptar-se a um futebol mais de ataque?
Marcelo: Ao início achei um pouco mais complicado, mas agora gosto mais de jogar aqui do que lá. Gosto de jogar com a relva molhada, a bola corre mais, o passe sai mais rápido… Para mim no início foi complicado, mas agora gosto imenso de cá estar.

RAFC: Estavas com que idade quando vieste para o Ribeirão?
Marcelo: Vim com 20 anos.

RAFC: Com 20 anos, ou seja, muito jovem. Vieste sozinho? Acompanhado?
Marcelo: Sempre que viajei, viajei sozinho desde os 16 anos, inicialmente mais pelo Brasil e claro recentemente para Portugal.

RAFC: Criaste alguma amizade especial no Ribeirão enquanto lá estiveste?
Marcelo: Sim, o Feliz e o Gilmar que começaram comigo desde que cheguei a Ribeirão e o próprio presidente do Ribeirão com quem mantenho uma boa relação de amizade.

RAFC: Chegas então ao Rio Ave, o que sentiste? Uma equipa da primeira liga, uma equipa que começa a deixar marca no futebol português…
Marcelo: Tinham-me dito que era um desafio muito grande na carreira subir da segunda B para a 1ª divisão, mas sempre encarei com optimismo a oportunidade de jogar em algo maior e agora penso, quem sabe um dia, ir para um clube de maior dimensão. Eu quero chegar lá em cima, mas ainda tenho muito para dar ao Rio Ave FC.

RAFC: Na altura acabaste por ser emprestado ao Leixões. Tinhas criado alguma expectativa ou o empréstimo foi encarado com naturalidade?
Marcelo: No começo eu queria jogar no Rio Ave, mas falaram-me que era bom jogar para ganhar mais experiência e encarei um novo desafio na segunda liga que também é um campeonato muito competitivo, onde não tem jogo fácil nem jogo difícil, onde todas as equipas são praticamente iguais. Foi muito bom, comecei a jogar mais no Leixões e lá comecei a dar nas vistas.

RAFC: Na fase de empréstimo ao Leixões jogaste numa posição que não era tão habitual para um central. Como foi a experiência de jogar como médio?
Marcelo: Eu já tinha jogado algumas vezes como médio na fase em que era miúdo no Brasil. No Leixões, inicialmente o treinador era o Litos mas depois com o Horácio surgiu a oportunidade de jogar, neste caso a médio, pois precisavam de um jogador como eu naquela posição. Eu queria era jogar, encarei como um desafio, não ia falar não! (risos)

RAFC: Achas que esse tempo em que estiveste a jogar a médio deu-te bagagem para consolidares a posição de central?
Marcelo: Julgo que foi uma aprendizagem muito importante. Ajuda principalmente tecnicamente: o espaço é muito menor e você joga de costas, o que é bem diferente de jogar como trinco. Os centrais têm mais tranquilidade, acho que o trinco tem de pensar muito rápido só com um ou dois toques na bola, é diferente.

RAFC: Entretanto começa esta época e integras os trabalhos de pré-época. Desde o início que pensaste que era desta vez que terias o teu lugar na equipa principal?
Marcelo: Eu sempre acreditei, desde que vim para o Rio Ave FC, que poderia jogar aqui e que poderia ajudar o clube a crescer. Quando o treinador Nuno Espirito Santo chegou aqui, com uma nova equipa técnica, acreditei que seria importante para mim esta época. Tinha de começar bem, começar desde a pré-época a fazer um bom trabalho, e jogar no campeonato.

RAFC: Como viveste esta pré-época? Sentiste que a equipa técnica estava preocupada em ajudar todos os jogadores e, neste caso específico, também a ti?
Marcelo: Sim, na pré-época o treinador falava muito comigo e explicava-me muitas coisas, mostrava que estava preocupado com a minha evolução, bem como com todos os jogadores aqui do plantel. O mister fala muito com os jogadores. Na pré-época, a minha adaptação foi muito rápida e mesmo agora, com o campeonato a decorrer, a gente vai aprendendo mais ainda. Acredito que é importante para mim como jogador ouvir o treinador. Eu gosto de ouvir e falar, só assim vou evoluir como pretendo.

RAFC: Na estreia frente ao Marítimo sentiste muito nervosismo ou já tínhamos aqui um Marcelo suficientemente maduro para encarar o jogo com tranquilidade?
Marcelo: Não, todo o jogo é sempre assim (risos)… Ao entrar no campo há sempre aquele friozinho na barriga. Na hora do aquecimento até à hora de entrar em campo dá um frio na barriga e como era o primeiro jogo estava um pouco mais nervoso, mas depois começa-se a jogar e acabo por esquecer.

RAFC: Como tem sido trabalhar com o Nuno Espirito Santo? Uma equipa técnica jovem, mas uma equipa coesa e equilibrada… Concordas?
Marcelo: Concordo, sim. Avalio como excelente o trabalho da equipa técnica. Falamos de alguns ex-jogadores, pessoas que estudaram e já trabalharam com outros grandes treinadores. O Rui Silva, por exemplo, trabalhou em grandes clubes, ou até mesmo o António que tem uma função muito importante. Todos os seis elementos têm sido cruciais para chegarmos ao ponto onde estamos. Cada dia é uma aprendizagem diferente, cada dia que passa vamos aprendendo muita informação nova. A equipa técnica está completa, acho que tem muita qualidade.

RAFC: Conseguem grande proximidade com os jogadores? É isso que tu sentes?
Marcelo: Sim, sim. Tanto o mister como todos os elementos da equipa técnica são muito próximos dos jogadores e gostam de falar, de conversar muito. Fazem muitas brincadeiras, o que ajuda a criar o sentimento de grupo e nos ajuda na integração de todos os elementos. Isso faz com que a gente sinta mais liberdade em falar com ele.

Continua…