Chama-se Ricardo José Vaz Alves Monteiro, mas todos o conhecem por Tarantini. Conhecem-no pelo profissional que é, pela carreira que tem, pela qualidade que transporta de dentro do campo para o seu dia-a-dia. É profissional com todas as letras.
Sabem também, quem com ele trata diariamente com mais intimidade, que afinal Tarantini transporta para o relvado aquilo que é como pessoa, como Homem. O seu trabalho diário é apenas o reflexo e a projecção de uma forma de ser e estar na vida. Talvez por isso é tão admirado.
Tarantini nasceu em Gestaçô – Baião, há 30 anos. Fez a sua formação futebolística no Amarante antes de rumar a terras serranias da Covilhã, ainda em formação.
Por lá ficou uns anos. Por lá começou a jogar com os mais velhos e a sonhar com o patamar da primeira Liga. Passou pelo Gondomar e pelo Portimonense. Por esta altura já ninguém duvidava das qualidades do médio. As portas estavam abertas e a Liga Maior tinha um lugar para ele.
Tarantini chega à 1ª Liga em 2008 para um Rio Ave Futebol Clube que vinha de um passado de “sobe e desce” apresentando “dores de crescimento” de quem queria afirmar-se mas nem sempre tinha sido fácil no futebol português.
Chegou e deparou-se com uma outra realidade. O treinador da altura, João Eusébio, chamou-o logo à prova de fogo: 1º jogo do campeonato, com o Benfica. A 6 de Agosto de 2008 Tarantini faz o 1º jogo, na 1ª Liga, aos 24 anos.
“Encontrei um estádio cheio. Mais cheio até do que com o Elfsborg. Não senti receio porque era um jogo que, naquela altura, não havia tanta responsabilidade da nossa parte para o vencer. Não havia tanto o culto da vitória. O Clube vinha da 2ª Liga e qualquer resultado que não a derrota, como foi o empate era bom… foi espectacular.”
A vinda de Tarantini para o Rio Ave Futebol Clube coincide com o período em que o Clube se afirma na 1ª Liga (desde então não voltou a descer). Entrou António Silva Campos para Presidente e o Clube estabilizou no grupo dos maiores no futebol luso.
“Com estes sete anos na 1ª Liga acabo por ser o único jogador do actual plantel que está ininterruptamente no Clube desde essa altura” (0 André Vilas Boas teve um período fora).
Os tempos passaram. As duas realidades (a que encontrou quando chegou, com 24 anos, e a que agora vive, aos 30) são separadas por 7 épocas de evolução. Tarantini reconhece que o tempo fez a diferença em alguns pormenores.
“O culto da vitória. O saber vencer. A maturidade. Agora não nos conformamos com a derrota, mas também não ficamos eufóricos com as vitórias. A euforia em demasia revela que não estamos preparados para vencer. Notamos mais, sim, a derrota. Pesa mais. Antes era mais normal. O Rio Ave FC precisava de pontos para a manutenção. Apesar de sabermos que esse é sempre um primeiro objectivo, mas antes era fulcral, noto agora que o Rio Ave FC está um Clube maduro.”
Tarantini não se “estreou” na 1ª Liga com 17 ou 18 anos, foi aos 24. Agora “apadrinha” a estreia de colegas de equipa com 18, 19 ou 20 anos.
“Sinto que agora levo as coisas com mais calma, com mais ponderação. Na altura vivia mais o resultado no momento, o jogo. Hoje em dia pondero mais. Consigo traçar termos comparativos com outras situações e isso faz-nos crescer. Faço uma análise da realidade completamente diferente do que fazia na altura. Mas hoje também, os jogadores que temos cá com 18 ou 20 anos já conseguem fazer isso porque o tiveram já nas suas carreiras ao passarem por clubes com alguma projecção. Têm outro «background»”.
Projecção é o que vive agora o Rio Ave Futebol Clube. E agora, aos 30 anos, 7 épocas depois da estreia, enquanto Capitão do grupo, Tarantiti deixa uma mensagem aos adeptos e aos Sócios do Rio Ave Futebol Clube:
“O tempo passa, o Clube fica. As pessoas passam, o Clube fica, por isso são os Sócios que são os responsáveis pelo crescimento do Clube. Espero que as pessoas de Vila do Conde tenham consciência disso e que cada vez mais façam parte do Clube. É preciso que a cidade entre na vida do Rio Ave Futebol Clube. É isso que vai fazer com que o Clube vá crescer ainda mais. Têm de estar com o Rio Ave, vir ao estádio apoiar”
Curiosamente o Rio Ave Futebol Clube cresceu e amadureceu ao mesmo ritmo que Tarantini também evoluiu no futebol. Tudo feito a seu tempo. Sem muitas pressas mas com o mesmo ritmo responsável, ponderado, maduro e profissional que fazem a imagem.
Curiosamente, o Rio Ave tem este ano a sua estreia nas competições europeias… e Tarantini também.