Os Homens que Guardam as Redes

Em terra onde as gentes se recusam a fazer do Atlântico a fronteira, mas antes um Horizonte a conquistar e uma forma de vida, as redes fazem parte da historia e da paisagem. O manto, perfurado e rendilhado que representa a esperança de um dia melhor cada vez que atirado às aguas, ávido de sustento.

No RAFC as redes têm também a sua história e uma importância vital para o sucesso. São o último reduto do rectângulo de jogo e talvez o único que se quer inviolável quando está à nossa guarda.

É aqui que entram os “Homens que guardam as redes”.

O Futebol é um Desporto colectivo, onde todos desempenham um papel que só tem sucesso quando assumido no todo. Mas é nos guarda-redes que se fixam os olhos quando a bola ronda perigosamente a baliza.

Estes são os “Homens que guardam as redes” do Rio Ave FC com o esforço e empenho de quem guarda o que de mais precioso tem.

 

Cássio, Ederson e Carlos Alves.

 

  

 

Cássio Albuquerque do Anjos, nasceu no Rio de Janeiro, é o mais experiente no Campeonato Português.

Esta é a sétima época. Dois dias antes da viagem para Portugal ( pela primeira vez em 2008) estava para vir para um Clube e mudou tudo. O meu empresário, na altura, disse-me que afinal vinha para um clube mais pequeno e que até tinha descido de divisão, mas que iria permanecer por decisão federativa

Cássio viajou, conheceu o tal clube (Paços de Ferreira) e ficou.

O Presidente foi-me buscar ao aeroporto, mostrou-me o clube e pôs-me à vontade. Se quisesse ficar, ficava. Se quisesse ir embora não tinha problema.”

Cássio representou o Paços até 2013 antes de se mudar para Arouca. Este ano veste as cores do Rio Ave.

Mesmo sendo adversário, vamos acompanhando todos os outros clubes. O Rio Ave FC tem crescido muito nos últimos anos, principalmente na última época, que vai ser recordada para sempre. Surgiu a oportunidade de vir para cá e eu aceitei. Não só pelo projecto europeu mas pelo crescimento do clube que quer sempre dar um passo em frente. Fui muito bem recebido por todos. Agora é só esperar que comece o Campeonato.”

 

 

 

Ederson Moraes conhece os cantos à casa. Tem apenas 20 anos, nasceu em Osasco, São Paulo, onde fez a formação inicial, antes de viajar para Portugal, ainda júnior, para o Benfica. Em 2011 assinou pelo Ribeirão e na época seguinte vinha para o RAFC.

Vim para Portugal a perguntar-me se iria dar certo ou não. Fiquei na expectativa. Foi difícil no início, pela minha idade, 15 anos. A adaptação foi um pouco complicada, mas depois foi sempre a melhorar

O jovem brasileiro tem brilhado, o que chamou a atenção dos responsáveis da Confederação Brasileira de Futebol que este ano o chamaram para representar o Brasil no Torneio de Toulon.

Foi a primeira convocatória e eu nem estava a acreditar. Só acreditei quando vesti o fato da selecção. Foi uma experiência fantástica. Tem um ambiente bom, fui bem acolhido.”

Ederson conviveu com as esperanças do futebol Brasileiro e não só. Valores que vão dar que falar.

Tem ali jogadores muito bons que acredito que irei ver no próximo Mundial pelo Brasil.”

Onde, afinal, Ederson também sonha estar:

Vou trabalhar para isso. Espero chegar lá e que esta chamada seja a primeira de muitas. Trabalho todos os dias para melhorar

Basta continuar a trabalhar no dia-a-dia, no Campeonato e a oferecer ao RAFC o seu talento para que a ultima época tenha continuidade:

A última época foi sensacional. Conseguimos alcançar os objectivos que tínhamos previsto no decorrer da época. Foi óptimo“.

 

  

 

Carlos Alves, tem 16 anos, nado e criado em Vila do Conde, é o benjamim do grupo. É o sonho do miúdo da terra concretizado numa realidade que vive ainda com espanto e êxtase.

Ainda sou muito jovem para estar aqui. Sinto muito orgulho. Quero aproveitar ao máximo esta oportunidade e aprender com o Cássio e o Ederson. Eles apoiam-me muito. Tenho de trabalhar todos os dias para um dia ser como eles e poder jogar nos seniores do Rio Ave FC.

Durante os treinos são constantes os incentivos vindos dos dois “mentores”, bem como dos elementos da equipa técnica que desta forma moldam o imenso valor que os 16 anos de Carlos encerram. O mesmo valor que já lhe valeu 4 chamadas à Selecção Nacional de formação.

Gostava de ir ao Europeu este ano. É um objectivo pessoal. Estou a trabalhar para isso. Espero ser observado no meu trabalho e continuar a servir o país. Um dia a selecção principal será o sonho, o auge.”

Carlos Alves cresceu a viver o Rio Ave e o seu êxito.

Sou de Vila do Conde, acompanho o Clube desde pequeno e tenho vivido este crescimento  enorme com orgulho”.

Estes são os “Homens que guardam as redes” do RAFC. Dois brasileiros, que por estes dias vão trabalhando na préépoca no clube, com a esperança na selecção do Brasil e na conquista do Mundial. Difícil, dizem, porque pela frente há uma França, Argentina ou até uma Alemanha. A Alemanha que o benjamim Carlos gostava de ver conquistar a competição, já que Portugal ficou pelo caminho. Carlos gosta dos germânicos…talvez porque Neuer lhe enche as medidas enquanto profissional na defesa das redes.