As memórias do motorista do primeiro autocarro do Rio Ave

Joaquim Ferreira Torres foi o motorista oficial do primeiro autocarro do Rio Ave, no início dos anos 80.

Nascido em Vila do Conde, em 15 de fevereiro de 1945 (68 anos), este mecânico de profissão recorda que “vieram pedir-me para eu ser motorista do autocarro do Rio Ave, era um autocarro pequeno, mas era novo. O autocarro foi benzido nos jardins da Avenida Júlio Graça pelo padre Porfírio Alves”.

Sócio do Clube com o nº 219, Joaquim Ferreira Torres faz questão de lembrar que “era motorista do autocarro do Rio Ave, mas pagava as cotas como outro qualquer”.

“O José Maria Pinho, antigo presidente do Rio Ave, uma vez disse-me que eu ia ter um cartão vitalício e que nunca mais pagaria para ver o Rio Ave. No entanto, eu disse-lhe que quando tivesse dinheiro ia ao Rio Ave e que quando não tivesse não ia, por isso não quis o cartão vitalício”, conta.

Durante os cerca de três anos em que transportou a equipa principal do Rio Ave, pelos vários estádios do país, foram muitas as histórias vividas por este antigo motorista do emblema verde e branco.

Joaquim Ferreira Torres tem na sua ligação ao Rio Ave a particularidade de ter sido caseiro nos terrenos onde foi construído o atual estádio, terrenos que eram propriedade de Joaquim Brites, por sinal seu padrinho de batismo.

Entre as histórias que marcaram a sua passagem como motorista do Rio Ave, Joaquim Torres conta que “fomos jogar com o Farense no dia da inauguração da iluminação do estádio a convite do presidente Fernando Barata. Saímos de Vila do Conde à tarde para jogar no Algarve à noite e depois ficamos lá até ao domingo seguinte. No regresso, o nosso presidente José Maria Pinho, perguntou-me se fazíamos a viagem direta ou se parávamos para descansar e, como eu já estava fora de casa há vários dias, disse-lhe que fazíamos a viagem direta até Vila do Conde. Depois de ter abastecido o autocarro seguimos viagem, ao chegar a Coimbra numa descida da antiga estrada nacional e como estavam todos a dormir dentro do autocarro eu também passei pelas brasas e só me apercebi disso quando o espelho retrovisor começou a raspar na vegetação, apanhei um grande susto. Depois de lavar a cara seguimos viagem, mas disse ao capitão Duarte que eles não poderiam continuar a dormir pois eu precisava de companhia”.

Duarte, Hermógenes e Antero foram alguns dos jogadores que ficaram gravados na memória de Torres.

Numa altura em que se assinalam 30 anos sobre a presença do Rio Ave na final da taça de Portugal, o associado nº 219 lembra que “fui à final da taça de Portugal, aquilo foi uma alegria”.

Apesar de ter deixado de ter uma ligação profissional ao clube, este antigo motorista do Rio Ave sublinha que “ nunca deixei de ir ao futebol, em Vila do Conde não falho um jogo, mas fora de casa não vou”.