“Morro pelo Rio Ave”

Joaquim Santos Vareiro, pescador natural das Caxinas, tem 58 anos e é o sócio nº 317 do Rio Ave.

Até aqui nada de anormal, mas Joaquim Vareiro não é um adepto qualquer. Em dia de jogos, e sempre que a vida profissional lhe permite, marca presença nos estádios onde joga o Rio Ave equipado a rigor, da cabeça aos pés.

Utilizando bandeiras do clube, todas unidas, usa uma indumentária original e que não passa despercebida aos olhos dos adeptos do Rio Ave e até dos adversários.

“Sou Rio Ave dos pés à cabeça, já por isso só uso coisas do Rio Ave, durante o dia e durante a noite eu ando vestido à Rio Ave. Esta vai ser a minha roupa até ao dia em que morrer”, referiu orgulhoso.

Joaquim Vareiro nasceu no seio de uma família tradicionalmente caxineira, sendo os seus pais adeptos ferrenhos do emblema da terra e, por isso, muito dificilmente poderia ter optado por outro clube. “Eu acho que ainda estava dentro da barriga da minha mãe e já era do Rio Ave”, sublinhou.

Embora passe grande parte do tempo em alto mar, Joaquim Vareiro não consegue alhear-se do que se passa em terra e sobretudo do dia-a-dia do Rio Ave.

“Quando estou no mar, as saudades da família e do Rio Ave são as mesmas, gosto muito da minha família, mas morro pelo Rio Ave. Deus me livre que me digam mal do Rio Ave. Gosto de estar sempre a par do que se passa com o Rio Ave, quando estou no mar e tenho rede de telemóvel telefono à minha esposa para saber como ficou o jogo. Também tenho o teletexto no barco, mas às vezes não dá e então eu telefono para saber como ficou o Rio Ave em juniores, juvenis e até o futsal, eu gosto de saber de tudo”, disse-nos o sócio número 317.

Sempre que pode, e quando está em terra, Joaquim Vareiro não perde uma oportunidade para matar saudades do seu Rio Ave e desloca-se ao estádio para ver os jogadores.

“Quando chego do mar, onde estou normalmente cerca de 40 dias seguidos, a primeira coisa que faço é ir ao estádio. Sempre que venho do mar a minha sina é sempre a mesma, matar saudades do Rio Ave. Sofro muito com as derrotas do clube, ainda agora perdemos 3-0 com o Nacional e eles não sabem a tristeza que me deu”.

A paragem do campeonato por causa dos compromissos da seleção acabou por trocar os planos de Joaquim Vareiro que se preparava para assistir ao próximo jogo, mas a receção ao Gil Vicente apenas acontecerá no final do mês e nessa altura este associado do Rio Ave já estará de novo no mar.

“Vi o Belenenses e o Setúbal, mas já não vi mais nenhum jogo. Agora que tinha tempo para ver já não vou ver porque o campeonato está parado e vou para o mar outra vez, mais 40 dias”, lamentou.

Sempre que parte para as águas da costa portuguesa leva consigo na bagagem um sonho antigo, regressar com o seu Rio Ave ao Jamor.

 

“Gostava de ir ao Jamor outra vez. Em 1984 estive lá, levei a minha mulher e os meus dois filhos. Na altura levei um estandarte enorme, mas agora se fosse de novo ao Jamor eu ia fazer uma coisa bonita para levar. Não vou dizer o que é porque é segredo, mas tenho fé em lá voltar. Espero que um dia o meu Rio Ave regresse lá”.