O sonho nunca realizado do sócio 77

Francisco Faria Rodrigues Sousa nasceu, a 20 de fevereiro de 1934 (79 anos) em Barcelos, mas aos 10 anos de idade veio viver para Vila do Conde, encontrando-se a residir atualmente no Lar do Centro Social e Paroquial de Touguinha.

Foi precisamente aí que o fomos encontrar aquando da visita realizada pelo Rio Ave aquela instituição de solidariedade social.

“Eu vim para cá e vi que Vila do Conde era uma cidade bonita, já sou mais vilacondense que barcelense pois tenho toda a família aqui. Estudei na escola onde é atualmente o edifício da junta de freguesia de Vila do Conde”, adiantou.

Conhecido como Chico de Barcelos, este sócio do Rio Ave com o número 77 e mais de 50 anos de filiação, foi jogador do emblema vilacondense tendo atuado na posição de extremo.

Embora nunca tenha jogado na equipa principal, vestiu a camisola pelas reservas tendo estado ligado ao Clube entre 1952 e 1959.

“Aos 17-18 anos ingressei no Rio Ave. No ano em que tínhamos uma excepcional equipa de juniores, foi solicitado ao ministro do interior para que o «Pirica», que era mais novo que eu um ano, tivesse autorização para jogar com 17 anos e o ministro do interior não autorizou. Essa situação provocou que não houvesse equipa de juniores do Rio Ave nessa temporada”, lamentou Francisco Sousa.

Atingida a idade sénior, o Chico de Barcelos acabou por ingressar na equipa de reservas do Rio Ave tendo realizado vários jogos a titular até à altura em que o azar lhe bateu à porta.

Um problema pulmonar afastou-o dos campos de futebol e impediu-o de concretizar o sonho de jogar na equipa principal do Rio Ave, que na altura disputava os regionais.

“Tive um problema de saúde nos pulmões que me impediu de jogar durante uns tempos, mas recuperei. O Doutor Zezé Sousa Pereira era o médico do clube nessa altura e mandou-me repousar, mas acabaram por não me deixar jogar, mesmo quando já estava recuperado”.

 Apesar da enorme vontade de voltar a jogar futebol no Rio Ave, Francisco Sousa não mais voltou a vestir a camisola verde e branca embora tivesse um apoio de peso dentro da própria direção do Clube.

“O pai do Engº Mário Almeida, que era o presidente do Rio Ave naquela altura, teve uma luta muito grande por mim por causa de não me deixarem jogar. Houve até desistências na direção por minha causa. Ele gostava muito de mim como jogador pois sabia das qualidades que eu tinha. Apesar de tudo fiquei muito feliz por ter estado ligado ao Rio Ave”, recordou.

Visivelmente emocionado quando solicitado a falar sobre a paixão que o liga ao Rio Ave e a Vila do Conde, o Chico de Barcelos não hesitou em dizer que “apesar de ser Barcelense de gema eu tenho amor a Vila do Conde e ao Rio Ave, foi cá que casei com a minha falecida mulher que também era de cá”.

 Francisco Sousa aproveitou a oportunidade da nossa reportagem para manifestar um desejo: “Gostaria que o Rio Ave fosse às competições europeias porque é um clube onde eu joguei e fiquei ligado para sempre, adoro o Rio Ave. Sou sócio e serei até à morte, mas muitas vezes não vou ver os jogos e vejo pela televisão. Na temporada passada poderíamos ter ido à Europa e esse é um sonho que eu tenho”.