Comunicado: Boavista FC vs Rio Ave FC

No final do encontro deste sábado, que opôs Boavista FC e Rio Ave FC, da 26ª jornada da Liga NOS, o treinador do Rio Ave FC, em conferência de imprensa, apresentou um pedido de desculpas à Instituição Boavista FC por um gesto irreflectido realizado no relvado aquando do terceiro golo da equipa verde e branca, que permitiu o empate já em tempo de compensação. O gesto é reprovável e por isso nem o treinador Miguel Cardoso, nem o Rio Ave FC, se revêem nestas situações. O treinador apresentou as devidas desculpas, tal como o Rio Ave FC também o faz.

Contudo, é importante sublinhar que o Rio Ave FC  também não se revê, de nenhuma maneira, em muito do que sucedeu no jogo desta tarde, no Estádio do Bessa, fruto de todo um contexto dentro e fora do jogo que precipitou emoções e comportamentos menos reflectidos.

Não é normal que, em 2021, numa indústria profissional, altamente mediática, que gera milhões, ainda se faça uso de estratégias totalmente contra o fair-play para tentar com isso tirar partido desportivo.

Desde cedo, com anuência e intervenção directa de elementos afectos ao Boavista FC, as bolas de jogo foram diminuídas e retardada em exagero a sua reposição em campo até ao ponto de serem escondidas pelos próprios apanha-bolas. Tal situação mereceu reparo repetido da equipa de arbitragem e da equipa de delegados da Liga, mas o mesmo verificou-se até ao final do encontro.

Mais, o camarote destinado ao staff e jogadores não convocados do Boavista FC, localizado atrás do banco da equipa do Rio Ave FC, insultou de forma quase constante os elementos do Rio Ave FC.

Aquando do terceiro golo do Boavista FC, os jogadores daquele clube festejaram em frente ao banco do Rio Ave FC, de forma provocatória e até recorrendo a insultos para os jogadores e técnicos adversários.

No momento do golo de Fábio Coentrão, já em tempo de compensação, um elemento afecto ao staff do Boavista FC, equipado com fato-de-treino do clube, que assistia ao encontro na bancada, entrou no relvado, invadiu a zona técnica e deslocou-se ao banco suplementar do Rio Ave FC, dirigindo insultos e provocando os elementos ali presentes. Situação reportada ao delegado da Liga presente no relvado, que tomou nota do incidente.

Após o final da partida, e dando cumprimento ao regulamentado, o Diretor de Comunicação do Rio Ave FC e o treinador Miguel Cardoso dirigiram-se ao relvado para participarem na flash interview do operador televisivo. Tendo a ordem da mesma sido invertida, estando naquele momento o treinador do Boavista FC, Jesualdo Ferreira, a falar, aguardaram os elementos do Rio Ave FC junto ao túnel, acabando por recolher quando se apercebem que do camarote afecto ao staff e jogadores não convocados do Boavista FC são dirigidos insultos graves ao treinador do Rio Ave FC.

Acto contínuo, e já no interior do túnel de acesso aos balneários, um dos adjuntos de Miguel Cardoso é agredido por elemento não identificado do Boavista FC, e ainda ameaçado por outro, gerando-se indignação na estrutura e equipa do Rio Ave FC pela atitude intimidatória, provocatória e insultuosa daqueles elementos do clube visitado.

Situação presenciada pelos delegados da Liga e pela própria Polícia de Segurança Pública que tinha, naquele momento, vários efectivos presentes.

Não havendo, de todo, condições de segurança mínimas para nova deslocação do treinador do Rio Ave FC à zona de flash interview, no relvado, e em tempo útil, comunicou-se ao operador televisivo tal situação e impedimento, o que foi naturalmente compreendido, também, pelos delegados da Liga.

Após a conferência de imprensa, à qual o treinador Miguel Cardoso compareceu e, onde, realizou a declaração que pode ver na íntegra no vídeo abaixo, quando a equipa do Rio Ave FC se dirigia para o autocarro a fim de abandonar o Estádio do Bessa, um grupo de cerca de 5 elementos do Boavista FC, eventualmente pertencentes ao staff, departamento médico e/ou estrutura directiva, visto tratar-se de uma zona mista que, actualmente, é de acesso exclusivo às equipas, provocou e insultou, gratuitamente, o treinador Miguel Cardoso e o diretor desportivo André Vilas Boas.

A comitiva do Rio Ave FC teve de ser escoltada pela Polícia de Segurança Pública até à Avenida AEP, tendo a mesma forte dispositivo policial para que a saída se procedesse em segurança.

O Rio Ave FC sempre foi defensor dos mais altos valores morais e éticos no desporto. O que hoje se viveu no Estádio do Bessa não pode, em momento algum, confundir-se com aquilo que deve ser o futebol.

Não nos revemos, em absoluto, em qualquer comportamento ou gesto irreflectido, fruto de emoções acicatadas e incendiadas por contextos adversos intimidatórios e de vocação verdadeiramente medieval, mas também não podemos aceitar que, numa altura em que o desporto no geral e o futebol em particular são exemplos para tantos jovens e motores de boas acções, ainda haja quem nele se comporte com atitudes tão danosas para o espectáculo que esta modalidade sempre deveria ser. Reiteramos o nosso pedido de desculpa à instituição Boavista FC pelo sucedido, tal como o fez o treinador na pureza da sua maneira de estar no desporto e na vida, tendo um comportamento incólume e exemplar, sem qualquer registo anterior contrário aos melhores princípios de fair play.