O peso da intencionalidade e uma valente reacção

Interrompido o ciclo vitorioso dos rioavistas no campeonato.

Na recepção ao FC Famalicão, os pupilos de Miguel Cardoso já sabiam que a classificação pouco refletia da qualidade do adversário e o jogo mostrou-se desde cedo bastante desafiante.

Face à lesão de Ivo Pinto, no fecho da semana de trabalho, Miguel Cardoso adaptou Nelson Monte a um lugar onde já está também rotinado, fazendo reentrar Toni Borevkovic para a dupla no eixo com Santos. Todo o restante onze se manteve por comparação com a vitória em Guimarães.

A formação visitante pareceu ter maior facilidade de promover acções ofensivas no primeiro quarto de hora mas a melhor oportunidade que conseguiu foi um remate de longe à figura de Kieszek. Do lado rioavista, foi Rafael Camacho, a promover remate em arco para enorme intervenção de Luiz Júnior. Lance que seria, depois, anulado por alegado fora-de-jogo que as imagens não permitiram comprovar.

Ao minuto 29, lance capital na história do jogo. Numa disputa de bola casual, Nelson Monte disputou o esférico com o pé e Rúben Vinagre com a cabeça. Entendeu o árbitro que haveria justificação para tal e expulsou Monte com vermelho direto. Importante registar que não houve intenção de agredir o adversário ou, sequer, de colocar em causa a sua integridade, tanto mais que Monte encolhe a perna mal se apercebe da presença do adversário. O contacto, ao contrário do simulado pelo jogador famalicense, nem se dá ao nível da cabeça, mas sim do ombro/peito, com a parte lateral do pé do capitão rioavista. O peso da intencionalidade, e do bom senso, que deveria aqui ter sido em conta, acabou por mexer, e muito, com a história do desafio.

O Rio Ave FC, porque tem uma equipa com personalidade e carácter, encetou uma reacção de grande valentia e não baixou os braços perante as ‘agressões emocionais’ que foi sofrendo no jogo, às quais se reportou Miguel Cardoso na análise pós-jogo. Foi, isso sim, uma equipa combativa, empenhada e motivada em contrariar o destino, procurando manter-se ligada à discussão do resultado.

Nem o golo do Famalicão, conseguido aos trambolhões, abalou essa galhardia. E aos trambolhões é mesmo a descrição certa para o golo que decidiu a partida. Uma incursão de Vinagre pela esquerda do ataque visitante terminou com cruzamento/remate interceptado por Santos. A bola ficou presa por baixo do corpo do brasileiro e Ugarte apareceu no barulho a desviar subtilmente para o fundo das redes vilacondenses.

Ainda antes do descanso, o Rio Ave FC esteve muito perto do empate, mas o cruzamento de Camacho apanhou Mané desprevenido depois de um corte defeituoso dos contrários. A bola bateu na canela do 21 rioavista e terminou nas mãos de Luiz Júnior.

Ao intervalo, Miguel Cardoso juntou as tropas em torno do objectivo maior: vencer a partida não havia deixado de ser possível pelo que a equipa tinha de acreditar na capacidade própria de o conseguir.

Seguiram-se 45 minutos dominados pela equipa com menos uma unidade em campo. O Famalicão baixou linhas, defendeu com mais, jogou com o relógio, fez o que podia para resistir à reacção verde e branca e repelir o credo que trazia na boca pelo último lugar na classificação.

Tornou ainda mais difícil a missão do Rio Ave FC mas não se livrou de uns quantos sustos. O último e mais imponente protagonizado por Gelson Dala, já na compensação, com um remate que acabou por sair enrolado e para defesa fácil.

Apesar da derrota, o Rio Ave FC manteve-se, para já à condição, no 9º lugar da tabela classificativa. Na próxima ronda joga na Luz, diante do SL Benfica, em partida agendada para segunda-feira (1 de Março).

Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde
Árbitro: Hugo Silva
Ao intervalo: 0-1
Marcador: Ugarte (39)
Acção disciplinar: cartão amarelo a Heri (25), Queirós (45+1), Rúben Vinagre (52) e Filipe Augusto (59). Cartão vermelho directo a Nelson Monte (29) e a Diogo Almeida, treinador de guarda-redes do Rio Ave FC (86).

Rio Ave FC 0
Kieszek, Nelson Monte, Toni Borevkovic, Santos, Sávio, Filipe Augusto, Pelé, Francisco Geraldes, Carlos Mané, Rafael Camacho e Gelson Dala
Substituições: Francisco Geraldes por Costinha (34), Rafael Camacho por Meshino (75), Sávio por Pedro Amaral (75), Pelé por Guga (79) e Filipe Augusto por Tarantini (79).
Suplentes não utilizados: Leo Vieira, Anderson, Ronan e Diogo Teixeira.
Treinador: Miguel Cardoso

FC Famalicão 1
Luiz Junior, Babic, Alexandre Guedes, Ugarte, Gustavo Assunção, Rúben Vinagre, Queirós, Pêpê, Diogo Figueiras, Heri e Patrick William.
Substituições: Heri por Gil Dias (60), Gustavo Assunção por Riccieli (78), Diogo Figueiras por Jhonata Robert (78), Ugarte por Lukovic (89) e Alexandre Guedes por Anderson (89).
Suplentes não utilizados: Vaná Alves, Morer, Calvin e Fernando.
Treinador: Silas