Os bravos caem de pé

Terminou a participação rioavista na Taça de Portugal 2021/2022.

Campanha valorosa, muito elogiada, e que, apesar de tudo, tem um final digno pois novamente diante de uma equipa de 1ª Liga, os jogadores de Luís Freire mostraram grande capacidade para ombrear com qualquer adversário.

A recepção ao CD Tondela, com efeito, consumava-se como o terceiro jogo contra equipas do principal escalão (Boavista e Belenenses SAD já haviam caído em Vila do Conde), nuns Quartos de Final que já vão sendo habituais para os rioavistas, habituados a chegar longe, nas últimas décadas, na prova rainha.

No duelo com os tondelenses, a equipa verde e branca entrou bem, sagaz, e deu um primeiro sinal de perigo com um cabeceamento de Pantalon que só um desvio de improviso tirou do caminho da baliza. O defesa do Tondela cortou com as costas o que parecia encaminhar-se para o 1-0.

A primeira parte foi equilibrada, de grande disputa a meio-campo, e sem grande trabalho para os guarda-redes, dada a dificuldade dos ataques das duas formações se sobreporem às defesas contrárias. Do lado visitante, apenas de fora da área se conseguiu visar a baliza rioavista, pese embora Léo Vieira tenha encaixado com relativa facilidade um remate de Salvador Agra.

O segundo tempo prometia ser mais ‘vivo’ mas a balança ficou drasticamente desequilibrada com a expulsão de Santos, por duplo amarelo, aos 63 minutos. Critério apertado de Artur Soares Dias que deixou o Rio Ave FC em inferioridade na última meia hora do tempo regulamentar.

Esse desequilíbrio abriu, naturalmente, a porta ao Tondela para se assumir mais controlador do encontro, mas a bravura verde e branca não tem limites e a equipa não se fechou sobre si mesma.

Gabrielzinho, aos 67’, reapareceu pela esquerda, puxou para dentro e atirou a contar para uma defesa apertada de Niasse, mostrando ao Tondela sinais de vitalidade rioavista na contenda pelo apuramento às meias-finais.

Os forasteiros também ameaçaram a baliza de Léo Vieira aos 72 minutos, mas o remate de Pedro Augusto foi às malhas laterais.

Mas o grande momento estava reservado para o minuto 74. Guga rematou a valer à entrada da área, o esférico bateu com estrondo na barra e depois foi caprichosamente pisar a linha de golo e cumprir o efeito contrário ao desejado. Na recarga, Gabrielzinho ainda meteu a bola dentro da baliza, mas estava em posição irregular.

Com o prolongamento à espreita, o Tondela ainda gozou de algumas aproximações perigosas à baliza do Rio Ave FC, mas Léo Vieira mostrou grande segurança.

Tempo extra em Vila do Conde e nova dose de sofrimento com o reavivar da forma como os rioavistas já haviam eliminado a Belenenses SAD.

Contudo, a noite desta quarta-feira seria diferente.

Não obstante a grande capacidade de superação da equipa e de todo o trabalho conjunto realizado, é inegável o efeito de um longo período sem competição bem como o isolamento que impediu treinos e trabalho conjunto na preparação do jogo.

Mesmo refrescando como pôde, Luís Freire viu a equipa limitada pelas dificuldades das últimas semanas, mas com um espírito guerreiro a lutar em inferioridade numérica.

O Tondela, com mais ritmo competitivo, e mais jogadores em campo, acabou por conseguir o golo na melhor oportunidade de que gozou nos 120 minutos da partida. Dadashov, recém-entrado, isolou-se e bateu Léo Vieira com um chapéu perfeito aos 97 minutos.

O Rio Ave FC deu tudo o que tinha nos derradeiros minutos para chegar à igualdade e ainda teve várias aproximações perigosas à baliza de Niasse. Numa delas houve forte contestação na área tondelense. Um livre de Sávio foi deliberadamente desviado com o braço por Rafael Barbosa, na barreira, e a bola acabou depois por bater no travessão. Mesmo com o auxílio do VAR, Artur Soares Dias acabou por mandar jogar.

O Tondela segurou a vitória e segue para as meias finais da Taça.

Último capítulo de uma bonita campanha do Rio Ave FC pela competição, com a certeza de que caiu de pé e com mais uma demonstração da qualidade e capacidade que tem enquanto equipa.

Nota para a estreia de Amine. O mais recente reforço dos rioavistas entrou aos 81 minutos e cumpriu os primeiros minutos na defesa da caravela.

Aos adeptos rioavistas uma palavra de apreço pelo apoio dado à equipa, na certeza de que continuaremos juntos para os desafios que, agora, se centram no grande objectivo da época.

Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde
Árbitro: Artur Soares Dias
Ao intervalo: 0-0
Marcador: Dadashov (97)
Acção disciplinar: cartão amarelo a Santos (6 e 63), Ricardo Alves (50), Aziz (69), Boselli (76), Hernando (82), Salvador Agra (105), João Graça (106), Hugo Gomes (106) e Rafael Barbosa (116). Cartão vermelho, por acumulação de amarelos, a Santos (63).

Rio Ave FC 0
Jhonatan, Sylla, Santos, Renato Pantalon, Sávio, Pedro Amaral, Vítor Gomes, Guga, Joca, Zé Manuel e Aziz
Substituições: Pedro Amaral por Gabrielzinho (33), Zé Manuel por Hugo Gomes (65), Aziz por Pedro Mendes (81), Guga por Amine (81), Sylla por Ukra (91) e Joca por João Graça (104).
Suplente não utilizado: Jhonatan.
Treinador: Luís Freire

CD Tondela 1
Niasse, Tiago Almeida, Ricardo Alves, Sagnan, Borges, Hernando, Dantas, Pedro Augusto, Boselli, Dos Anjos e Agra
Substituições: Ricardo Alves por Rafael Barbosa (78), Boselli por Telmo Arcanjo (90), Tiago Almeida por Bebeto (90), Dos Anjos por Dadashov (95) e Neto Borges por Khacef (111).
Suplentes não utilizados: Tear e Eduardo Quaresma.
Treinador: Pako Ayestarán