Que difícil é contrariar este fado

Dias há em que se torna difícil descrever um jogo de futebol quando, no mesmo, se encerram tantos e tantos momentos que transcendem a mais mirabolante das criatividades. Torna-se difícil contrariar uma tendência que, desde há muito, se transformou como que num fado cansado, repetitivo e que enfada os profissionais deste desporto na procura de serem melhores, de se superarem, de se transcenderem. É o futebol português. Não se espantem.

Mas vamos ao jogo.

O Rio Ave FC procurava dar seguimento à vitória de Moreira de Cónegos e recebia um SL Benfica sem vencer no campeonato há 4 jornadas.

Carvalhal operou algumas alterações de rotina no onze da ronda anterior, e mais uma vez deu-se bem. É que os vilacondenses chegaram ao intervalo a vencer por 1-0. Mehdi Taremi, sempre ele, no sítio certo, aproveitou um corte incompleto da defesa encarnada para, de cabeça, colocar o Rio Ave FC na frente do marcador.

Nos primeiros 45 minutos, os rioavistas acabaram por ter mais posse de bola, equilibraram a contenda ao nível dos passes acertados, por exemplo, e criaram duas oportunidades de golo (Taremi esteve perto de bisar mas viu um remate certeiro ser interceptado por um contrário), contra nenhuma do Benfica que fez um punhado de remates sem perigo para a baliza de Kieszek.

Ajustava-se e aceitava-se o marcador em tempo de descanso, mesmo que um golo do SL Benfica tenha sido bem anulado por fora-de-jogo de Dyego Sousa, pouco antes do interregno.

A história do jogo mudou a partir do minuto 63. Al Musrati, que tinha visto um primeiro amarelo aos 14 minutos apesar de, como mostram as imagens, nem sequer ter tocado no avançado encarnado, viu o segundo cartão amarelo e foi expulso. No lance seguinte, o SL Benfica chegou ao empate por Seferovic.

Com o Rio Ave FC a tentar lidar com os danos colaterais de um minuto fatídico, Nuno Santos vê vermelho directo, após intervenção do VAR, num lance de casualidade e de disputa de bola com Pizzi, onde o avançado rioavista acaba por atingir no braço o adversário. Rigor a preceito na admoestação e na intervenção do VAR.

O mesmo rigor que passou ao lado do minuto 79. Mehdi assistiu de cabeça o isolado Lucas Piazon mas Ferro cortou a bola com o braço, que estava a ganhar volumetria. Luís Godinho não assinalou grande penalidade, o VAR não interviu. 1-1 no marcador.

Com apenas 9 jogadores, a equipa de Carvalhal lutava bravamente por um mal menor no resultado mas não contava que o rigor ficasse novamente esquecido aos 87 minutos. Canto para o SL Benfica, Vinicius empurra Santos, nas costas aparece Weigl a cabecear para o 1-2.

Para terminarmos este fado a preceito, uma segunda parte com substituições, três expulsões (Diogo Figueiras ainda foi expulso do banco rioavista), duas intervenções do VAR, teve 4 minutos de compensação! Estava 1-2 aos 90′.

Futebol português.



Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde
Árbitro: Luís Godinho
Ao intervalo: 1-0
Marcadores: Mehdi Taremi (27), Seferovic (64) e Weigl (88)
Acção disciplinar: cartão amarelo a Musrati (14 e 63), Pizzi (45+3), Rúben (73) e Diogo Figueiras (81). Cartão vermelho, por acumulação de amarelos, a Musrati (63). Cartão vermelho directo a Nuno Santos (73) e Diogo Figueiras (90+2).

Rio Ave FC 1
Kieszek, Diogo Figueiras, Toni Borevkovic, Santos, Matheus Reis, Nuno Santos, Al Musrati, Filipe Augusto, Diego Lopes, Lucas Piazon e Mehdi Taremi
Substituições: Diego Lopes por Tarantini (66), Diogo Figueiras por Nelson Monte (83), Mehdi Taremi por Bruno Moreira (89) e Lucas Piazon por Carlos Mané (89).
Suplentes não utilizados: Paulo Vítor, Pedro Amaral, Junio, Messias e Gelson Dala.
Treinador: Carlos Carvalhal

SL Benfica 2
Odysseas, Rúben, Gabriel, Dyego Sousa, Pizzi, Rafa, Weigl, Taarabt, Nuno Tavares, Tomás Tavares e Ferro
Substituições: Dyego Sousa por Seferovic (45), Taarabt por Vinicius (63), Gabriel por Chiquinho (81), Rafa por Samaris (90+2) e Pizzi por Jota (90+2).
Suplentes não utilizados: Zlobin, Cervi, Zivkovic e Florentino.
Treinador: Bruno Lage