“Faço tudo o que posso pelo Rio Ave”

Joaquim Costa Brites é um dos sócios mais antigos do Rio Ave.

Empresário das artes gráficas e presidente da Associação Comercial e Industrial de Vila do Conde, é atualmente o associado nº 5, sendo filiado desde outubro de 1950.

“Entrei para sócio por vontade própria e não por influência de ninguém”, contou.

Com 82 anos de idade (nasceu a 9 de abril de 1931), Joaquim Brites recorda que era ele quem pagava as cotas naquela altura, pois “cada um assumia os seus compromissos”.

Começou muito cedo a trabalhar, com apenas 15 anos, e já tinha os seus próprios rendimentos recordando que “tudo o que ganhei foi para mim, os meus pais sempre me deram o ordenado que eu ganhava”.

Do baú das recordações, Joaquim Costa Brites lembra um célebre jogo entre Rio Ave e Progresso, na luta pela subida à Primeira Divisão Regional, disputado em Santo Tirso.

“O Rio Ave estava empatado com o Progresso e lembro-me que o «Côco» marcou um golo e o Rio Ave ganhou por 1-0. Eu ainda era muito jovem, mas recordo-me perfeitamente. Nessa altura eu colaborava na Ação Católica e pedi ao senhor Prior Padre Porfírio Alves para nos levar ao jogo e ele disse que não queria ir porque o Rio Ave poderia perder o jogo e depois dizerem que foi por ele ter ido, mas eu disse-lhe que o Rio Ave poderia ganhar por causa de ele ir e efetivamente ganhou”.

O Rio Ave já tinha tido outras disputas, mas havia sempre saído derrotado pelo que este jogo ganhou ainda maior importância. No entanto, como a partida tinha de ser disputada em campo neutro acabou por se realizar em Santo Tirso. Apesar de curta, a viagem haveria de tornar-se um pouco atribulada, mas com um final feliz:  “O senhor prior Padre Porfírio Alves foi-nos lá levar, por azar o carro que era usado avariou pelo caminho, mas conseguimos chegar a tempo do jogo. Este foi para mim o jogo mais marcante de toda a minha vida”.

Com mais de 60 anos de filiação ao Rio Ave, Joaquim Brites recorda também com saudade a meia-final da taça de Portugal disputada com o Guimarães no velhinho campo da Avenida.

“Lembro-me que houve tiros, foi um jogo também muito marcante. E lembro-me também da final da taça no Jamor, por acaso ainda esta semana fui a Lisboa e falei com uma pessoa sobre isso. Na altura fomos de autocarro até Belém, foi pena que tenhamos perdido esse jogo”.

Apesar de nos últimos tempos não acompanhar os jogos do Rio Ave ao vivo, o sócio nº 5 mantém uma forte ligação afetiva ao emblema do seu coração.

“Já não vou tanto aos jogos porque tenho um bocadinho de medo deste tempo frio, fujo de ir a alguns jogos. No entanto, aprecio o Rio Ave, apoio o Rio Ave e faço questão de me manter como sócio e tenho inclusive um camarote no estádio. Faço tudo o que posso pelo Rio Ave”.

Joaquim Costa Brites conta ainda que o atual estádio do Rio Ave está situado num terreno que em tempos lhe pertenceu e que havia herdado dos seus pais. “O terreno foi expropriado, mas pagaram-me a um preço muito baixo por metro quadrado. Foi essa a avaliação que fizeram, mas fomos todos muito prejudicados, todos os que tínhamos ali terrenos. O Estádio está quase todo situado no terreno que era meu, que tinha herdado dos meus pais”.

Numa altura em que o Rio Ave está a celebrar as bodas de diamante, que se assinalam em maio de 2014, Joaquim Costa Brites formula um desejo: “Espero que façam umas comemorações dignas pois acho que é uma data marcante para o Clube e para os associados. Já não estarei cá para o centenário”, rematou.