Quase 60 anos de ligação ao Rio Ave

Nascido a 20 de maio de 1930 (83 anos), é associado do emblema vilacondense desde 1954.

Foi diretor de campo, a partir de 1976, na altura em que o Clube era presidido por Manuel Barroso, tendo atravessado as direções de Celso Pontes, Orlando Taipa, António Ferreira, José Oliveira, José Maria Pinho, António Ramos e Carlos Costa.

“Como era distribuidor na freguesia de Aveleda conheci o presidente Manuel Barroso, que vivia lá, e passado um tempo convidou-me, num momento financeiramente muito complicado para o Rio Ave, para fazer parte da Direção. Começamos a fazer umas sardinhadas e um ringue de boxe improvisado no campo da Avenida para angariar algum dinheiro. Naquela altura eram tempos muito difíceis”, recorda.

Para além de ter sido vogal, em várias direções do Rio Ave, José Ferreira foi também responsável pela aparelhagem sonora e speaker oficial nos jogos realizados no campo da Avenida.

“Eu levava a aparelhagem de minha casa, ao domingo de manhã ia ver se as pinhas dos altifalantes estavam boas, fazia a afinação e depois levava o gira-discos para passar umas músicas no campo. Vinham pessoas ter comigo à cabine de som para eu anunciar vários prémios para os jogadores que marcassem o golo da vitória do Rio Ave, havia até quem oferecesse 100 contos, que era muito dinheiro naquele tempo”.

As histórias passadas no «velhinho» campo da Avenida são inúmeras e José Ferreira fala-nos de um célebre jogo com o Benfica apitado pelo alentejano Veiga Trigo.

“O povo era tanto que o árbitro deixou as pessoas entrarem para dentro de campo e colocarem-se do lado de fora das linhas de jogo. Ganhamos 1-0 ao Benfica e correu tudo bem”.

Durante o tempo em que foi diretor do Rio Ave, José Ferreira chegou a cruzar-se com uma figura ilustre do atual panorama do futebol mundial, José Mourinho.

O «Special One» era jogador da formação «verde-branca» na altura em que seu pai, Félix Mourinho, foi treinador da equipa.

Este sócio do Rio Ave recorda um episódio vivido na deslocação a Alvalade e que envolveu o clã Mourinho.

“O Rio Ave foi jogar ao Sporting no último jogo da temporada e perdemos 7-0. Fui diretor de campo nesse jogo e o treinador Félix Mourinho virou-se para mim e disse-me que o seu filho [José Mourinho] ia jogar, mas eu disse-lhe que não podia ser pois isso tinha ficado decidido em reunião de direção. Por causa dessa situação o treinador quis abandonar o Rio Ave, mas foi o filho José Mourinho que pediu para ele continuar”.

Relativamente aos gloriosos acontecimentos desportivos que marcaram a sua passagem pelo Rio Ave, José Ferreira destaca dois que lhe são particularmente especiais: a final da taça de Portugal e o primeiro título de campeão nacional.

“Em 1977-1978 o Rio Ave foi jogar à Cova da Piedade, para ser campeão nacional da 3ª divisão, e eu não fui porque estava de serviço no circuito automóvel em Vila do Conde. Foi uma alegria enorme quando soubemos, naquela altura quem controlava as entradas para o circuito eram os amigos e os diretores do Rio Ave. Outro grande momento foi a final da Taça de Portugal em 1984, organizei um autocarro que saiu junto à sede do Circulo Católico de Operários, foi lindo esse momento”.