Quando a excelência formativa se reinventa

O surto epidemiológico que nos condiciona desde Março tem obrigado a uma reinvenção de conceitos que, até aqui, julgávamos intocáveis.

Reinventámos a forma de nos comunicarmos, condicionados a um contacto distante e, sobretudo, tecnológico.

Nem tudo é mau neste processo. A verdade é que aprendemos, todos, coisas novas, e aumentámos o nosso conhecimento.

Hoje, as nossas equipas do futebol de formação, por exemplo, adaptaram-se a uma rotina de treino diferente, e mesmo com a notícia da anulação das suas competições, não suspenderam a sua actividade. O treino, a partir de casa, pode e deve acontecer, e o Rio Ave FC, também nisso, soube reinventar-se.

Nos principais escalões, que têm equipas nos campeonatos nacionais, dos Sub-15 aos Sub-19, portanto, já é tradição, mesmo em tempo de férias, haver uma rotina de trabalho proporcionada por um plano de treino. Trabalhar em casa não se constituiu, por isso, como novidade.

Embora seja impossível recriar o estímulo de treino específico (sistema aberto, multifatorial, aleatório), a preocupação dos técnicos do Rio Ave FC incidiu, essencialmente, em garantir a manutenção do estímulo da capacidade motora associada a cada dia do morfociclo padrão de trabalho (jogo sábado a sábado). Foi enviada, para isso, uma apresentação em powerpoint a cada um dos jogadores, com a prescrição da rotina diária de trabalho, como podemos observar no vídeo em baixo. Existe, ainda, uma preocupação em colocar alguma especificidade em função da posição de campo que ocupam (o treino dos GR não é o mesmo que dos restantes colegas).

Estes jovens treinam seis vezes por semana e descansam ao domingo. Nestes seis dias contemplam treinos direcionados para as várias capacidades motoras como a mobilidade, estabilidade, força, resistência, velocidade, etc.

A monitorização do trabalho é feita via whatsapp, plataforma de contacto mobile, onde são colocados vídeos de treino e sugestões de adaptações em função do contexto. O contacto é constante.

Se o trabalho dos mais velhos é, essencialmente, vocacionado para a sua preparação física, com os mais novos a criatividade no treino obriga os treinadores a novas metodologias.

Entre os escalões de Sub-11 e Sub-14, o planeamento semanal ocupa quatro dias de treino. Metade destas sessões é preenchida com exercícios de descoberta/originalidade. No fundo, os jovens jogadores recebem orientações e são eles mesmos a construírem o exercício, sob supervisão.

Aos sábados, os atletas são convocados para uma competição interna promovida pelo departamento. Alguns desses desafios foram até partilhados pelo Rio Ave FC nas suas redes sociais.

Nos escalões abaixo dos Sub-11 a lógica de trabalho segue a mesma metodologia, adaptada às idades, com 3 sessões de treino e uma competição semanal, havendo um dos treinos dedicados à orientação.

E como no Rio Ave FC trabalhamos para que nada falte, a Escola de Futebol ‘Os Tubas’ também tem estado activa. Os rioavistas mais pequenos têm realizado um treino online por semana, com a ajuda dos nossos treinadores, além de mais dois treinos semanais de orientação guiada/descoberta, mantendo-se assim activos e preparados para o regresso à relva, logo que possível.

Assim, e numa altura de adaptação para todos, o Rio Ave FC mostra que se soube reinventar em todos os seus escalões, mantendo atletas e técnicos ativos até porque, epidemia à parte, a proposta de formação não se suspende, sendo essa a principal premissa que nos move no trabalho com os mais jovens. A sua evolução humana, fisicamente saudável e cognitivamente desperta, é o que mais importa. Os resultados e méritos desportivos serão sempre a consequência desse trabalho de excelência.