Mensagem de Páscoa

Caros Sócios,

Há um ano iniciávamos um percurso de incerteza e de receios, tentando adaptar as nossas vidas em turbilhão a uma realidade estranha e plena de receios e interrogações.

Durante todo esse percurso retiramos o melhor de nós, reinventamos soluções e esforços para responder e cumprir com as expectativas, quer dos outros mas sobretudo as nossas.

Vivemos o isolamento do medo e o regresso esforçado. Impedimos que as dificuldades nos levassem a desistir e recomeçamos.

Voltávamos mais tarde a ser assolados com mais receios, recaídas e inversões no regresso a uma normalidade que já nos parece tão distante.

No meio desta montanha russa de evolução e regressão tentamos sempre refazer os planos e  crescer quando, teimosamente, tudo nos convida a desistir e a entregar as forças ao cansaço e ao medo.

Há um ano que estamos órfãos dos nossos adeptos.

Que por razões de saúde pública e bem maior nos foi retirado convívio  e o apoio presencial. De forma responsável e consciente sempre acatamos as decisões que iriam contribuir para o sucesso do esforço de um país na luta contra uma pandemia.

O Desporto, o futebol, foi o sector mais exemplar na sociedade no corporativismo, colaboração e até no controle da pandemia.

Fomos e somos testados exaustivamente, o que significa um peso imenso nos orçamentos dos Clubes. Cumprimos escrupulosamente com as regras de confinamento e isolamento dos grupos positivos ou negativos.

Mas continuamos sem os nossos adeptos, sem a nossa alma e sem a nossa força maior.

Mais ainda, não obtivemos da parte das entidades responsáveis governamentais, ainda, um gesto de apoio significativo e equitativo quando comparado com outros sectores da nossa economia.

Ficamos órfãos e desamparados à espera que “alguém” se lembre de um sector que contribui anualmente com mais de 500 milhões de euros para a riqueza nacional e que perdeu receitas irreparáveis com bilhética, sponsorização, “corporate” entre tantos outras fontes de rendimentos.

Continuamos, pacientemente à espera de poder ter os nossos sócios e adeptos nos nossos estádios, sempre cientes das regras e da necessidade da responsabilidade de comportamentos.

Sentimos a vossa falta como um corpo vazio e inerte tem necessidade de uma luz, de uma alma que nos dê força para continuar a acreditar e a lutar.

Continuamos também sem as nossas crianças, adolescentes e jovens na nossa academia de formação. Há mais de um ano que os nossos jovens estão afastados da prática desportiva e da evolução de uma carreira desportiva e de um sonho por causa da pandemia e o efeito nefasto irá ter consequências terríveis a longo prazo.

É importante que eles regressem mas que isso não signifique mais um peso impensável para as associações ou clubes.

Resta-nos continuar a acreditar que, em breve, poderemos estar novamente juntos para celebrar e compartilhar esta paixão pelo nosso Clube e pelo desporto.

Desejo a todos uma Santa e Feliz Páscoa junto das vossas famílias, apelando à adopção de comportamentos responsáveis no cumprimento das regras de confinamento, contribuindo para o fim deste mal que nos deixa apartados há mais de um ano.

Abraço fraterno,

António da Silva Campos

Presidente do Rio Ave FC