Quando as imagens fazem a crónica completa

É difícil, impossível mesmo, passar ao lado do lance capital que influencia, de forma muito prejudicial para o Rio Ave FC, o resultado final do jogo da 14ª jornada, esta tarde, contra o CD Mafra.

Podemos sublinhar a atitude e determinação da equipa, com uma forte entrada no jogo, com o golo de Hugo Gomes no ‘laboratório’ da bola parada e assistência do regressado Costinha. Podemos destacar a grande oportunidade de Zé Manuel aos 14 minutos, com um cabeceamento ao poste que poderia ter dado o 2-0 para os rioavistas. Podemos até lembrar a transição que ia dando novo golo verde e branco, quando Joca pela direita cruzou e Aziz, após um primeiro corte, não conseguiu dar melhor destino à bola quando estava em boa posição. E, podemos ainda, adicionalmente, justificar com números e factos o maior domínio do jogo que o Rio Ave FC exerceu durante largo período da partida.

Mas, factualmente, o que não podemos (nem conseguimos) justificar é o que acontece ao minuto 66, quando um golo legal, em toda a medida, deixa o Rio Ave FC a festejar um merecido 2-1, a pouco mais de 20 minutos do final, concretizando o ascendente que se verificava no jogo, mas é tardiamente anulado (passaram-se pelo menos 20 segundos) pelo árbitro Manuel Oliveira, por suposta posição ilegal de Aziz, jogador que aproveita a recarga para fazer o golo. Não é claro, em nenhum momento, se o lance é anulado pelo árbitro assistente número 1, ou pelo próprio árbitro principal. O que é claro, é a posição legal de Aziz, 1,70 metros atrás do último defesa. Em nenhum momento o avançado rioavista se encontra em posição ilegal. O lance não oferece qualquer dúvida e Aziz só é o último jogador quando o guarda-redes do Mafra até já tinha defendido a bola. Incompreensível. Inacreditável. A Liga 2, como competição profissional que é, com a competitividade que tem, justifica há muito ser tratada de igual forma que o escalão principal. Não é justo que metade dos clubes profissionais compitam sem o apoio de tecnologia que traga maior verdade ao jogo e à competição. O debate há muito está lançado mas é urgente que o VAR seja implementado na totalidade das competições profissionais e se tratem todos por igual.

Mas o que também é indesmentível é que este erro mudou consideravelmente o destino que o encontro levava. Com 2-1 a 20 minutos do final, e com o ascendente anímico que levava, poder-se-á assumir que dificilmente o Rio Ave FC perderia este jogo. Mas perdeu, porque aos 90 minutos, uma transição rápida, num dos escassos lances que o visitante conseguiu (já o primeiro golo havia sido completamente contra a corrente do jogo), acabou por permitir que Rodrigo Martins contornasse Jhonatan e finalizasse para o 1-2 final.

Mesmo debaixo deste contexto, os rioavistas procuraram o empate e Pedro Amaral esteve muito perto de o conseguir, num remate de longe que esbarrou com violência no travessão.

Pese embora esta derrota, o Rio Ave FC, recorde-se, está a escassos 2 pontos de lugar de subida e ocupa o lugar de play-off de promoção, quando ainda faltam umas longuíssimas 20 jornadas e muita batalha se travará. Compreenda-se, portanto, que é tempo de manter fileiras cerradas e de não se permitir que nenhum erro alheio mine aquele que é o compromisso de todos e que se mantém intacto: por todos vencer.

Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde
Árbitro: Manuel Oliveira
Ao intervalo: 1-1
Marcadores: Hugo Gomes (10’), Pedro Lucas (38’) e Rodrigo Martins (90’).
Acção disciplinar: cartão amarelo a Zé Manuel (29), Pedro Barcelos (33), Ricardo André (33), Santos (40), Inácio Miguel (49), Rodrigo Martins (70), Pedro Lucas (71) e Aparício (75).

Rio Ave FC 1
Jhonatan, Costinha, Santos, Hugo Gomes, Pedro Amaral, Joca, Vítor Gomes, Guga, Gabrielzinho, Zé Manuel e Aziz
Substituições: Zé Manuel por Pedro Mendes (75), Guga por João Graça (79), Costinha por Rúben Gonçalves (84) e Vítor Gomes por Fábio Ronaldo (84).
Suplentes não utilizados: Leo Vieira, Ukra, Sávio, Renato Pantalon e André Pereira.
Treinador: Luís Freire

CD Mafra 2
Miguel Santos, Pedro Pacheco, Inácio Miguel, Pedro Barcelos, Tomás Domingues, Gui Ferreira, Leandrinho, Aparício, Vítor Gabriel, Pedro Lucas e Rodrigo Martins
Substituições: Inácio Miguel por Bruno Silva (53), Vítor Gabriel por Andrezinho (61), Aparício por Chano (76), Pedro Lucas por Kikas (76).
Suplentes não utilizados: Renan, Okitokandjo, Lucas Marques, Wenderson e Leandro.
Treinador: Ricardo Sousa